A Ilha - Um repórter brasileiro no país de Fidel Castro

Cuba estava praticamente esquecida por seus governantes, como o ex-presidente Fulgêncio Batista, e o exército, seguindo um ideal revolucionário, lutou para libertar a nação da dependência norte-americana, país que era, ao mesmo tempo, seu maior comprador e fornecedor. Da noite para o dia (após a Revolução) os Estados Unidos tornaram-se o maior inimigo da “ilha”, e a então União Soviética ocupou o lugar de mantenedora do novo regime comunista instalado. Fidel Castro foi o líder máximo da Revolução e, assim, emergiu como o primeiro-ministro de Cuba. A ligação do país com a U.R.S.S. estreitou-se ano após ano depois da tomada do poder pelas Forças Armadas.
Na época em que Fernando Morais, o autor, visitou Cuba para a produção de seu livro-reportagem, a ilha já passara pelos seus primeiros dezesseis anos de comunismo, e os bons resultados surgiam com maior facilidade do que no início desse sistema de governo. Interessantíssimos dados sobre a educação, a saúde, o modo de produção, o trabalho, etc, instigam o leitor e fazem com que se imagine um país perfeito, onde todos ajudam o próximo e tudo funciona de acordo com o planejado, para satisfação desde a criança de 42 dias de vida, numa creche em tempo integral, até o idoso, em sua cama num hospital público de ótima qualidade.
Em contrapartida, fica evidente (nem tanto para um leitor menos atento) a falta de liberdade de um povo que se considera muito feliz. Talvez isso se dê por não conhecer os “prazeres” que o consumismo proporciona. Longe de minha concepção julgar o que é bom ou ruim para alguém, mas é de se pensar que quando surge uma declaração despretensiosa contra o governo, há diversos olhos e ouvidos atentos, esperando para fazer um comentário maldoso, para, às vezes, tomar iniciativas hostis apenas por uma divergência de opinião, e restringir a possibilidade de se expressar e agir da forma que quiser, sem ferir os interesses alheios, como se fosse um crime contra o Estado.
É visível, também, como o povo se sente parte do Estado. Claro, é uma peça essencial do mesmo. O modo de produção e trabalho mesclado com esquemas educacionais funcionaria bem em qualquer lugar do mundo caso todas as pessoas se dispusessem a entregar 18 horas diárias a essa tarefa. O problema aqui é a escolha. Claro que no caso de Cuba essa opção era a salvação: o país pobre, sem perspectivas, numa sociedade desigual. As alternativas: morar em favelas e não saber se a janta estaria sobre a mesa ou trabalhar para construir sua casa, plantar seus alimentos e ter a certeza de ver toda sua família mantida por um Estado que cumpre o prometido.
Ao fim do relato, o saldo é positivo levando em consideração a situação anterior aos acontecimentos de 1959, mas deixa a desejar quando se sabe que o país parou no tempo e que seus habitantes, infelizmente, nem se dão conta disso para tomarem uma decisão, para fazerem uma escolha, seja ela qual for. De qualquer forma, "A Ilha" é leitura indispensável tanto para quem defende como para quem mete o pau no comunismo e seus ideiais utópicos (ou nem tanto).
1 Comments:
Yo, man.
vc leu? me empresta?
e q papo é esse de red mix? bebida de viado, pow...
ps: qro experimentar dps.
abs
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