Avenida dos Sonhos, 1988

Escritos cômicos e cósmicos...

sábado, setembro 23, 2006

03/11 - Credicard Hall - EDGUY!!!

Nos porões de uma pequena casa no subúrbio de Fulda, Alemanha, ao dia 21 de Novembro de 1977, nasceu Tobias Sammet...

Desde sempre, Tobias teve aptidões para a música. Na adolescência, cansado de suas infrutíferas tentativas de se dar bem na escola, decidiu formar uma BANDA DE ROCK! Junto com seus colegas de classe, Jens Ludwig e Dirk Sauer (ambos nas guitarras) e o "colega mais velho" Dominik Storch (na bateria), o jovem Tobi (baixo e vocais) comandava um grupo que não tinha nada de atrativo para fãs: Eram feios, tocavam mal e, apesar de criatividade, não tinham oportunidade para apresentar o talento que mais tarde os salvaria de uma vida comum. Estava formado o Edguy.

Enjoados de sempre ensaiarem composições de bandas e artistas já consagrados, como KISS, AC/DC, Europe e Helloween, os garotos de Fulda decidiram apostar em seu potencial artístico e lançaram duas demo-tapes: "Evil Minded" e "Children of Steel". Apesar do som particularmente tosco e cru, alguém lá na fria e longínqua Alemanha gostou do som. Mesmo assim, as críticas negativas ainda eram maioria, e, sem ligar para nada, acabaram juntando dinheiro para, em 1995, lançarem a "demo definitiva" de seu trabalho, intitulada "The Savage Poetry".

A sorte da banda começa a mudar a partir daí, quando conseguiram vender esse trabalho independente para o selo AFM, que apostou no talento ainda escondido do Edguy. Já com o projeto seguinte em mente, o Edguy começava a galgar a tão sofrida escada da fama. "Kingdom of Madness", de 1997, foi o primeiro disco oficial da banda com a gravadora, e a divulgação e a tiragem bem maior do que o disco anterior fez com que o Edguy fosse reconhecido pelo seu trabalho, mas, ainda assim, havia algo que não deixava o grupo se estabelecer no cenário. Faltava técnica, faltava empenho e faltava um senso crítico para seber o que REALMENTE era bom do som que eles produziam.

Foi quando Feliz Bohnke tomou o lugar de Dominik na bateria, trazendo, finalmente, a alma que a banda não tinha. "Vain Glory Opera", de 1998, trouxe ao Edguy o que um grupo necessita para se tornar ESSENCIAL: um estilo. Assumindo a postura de "banda de matal melódico", o Edguy conseguiu conquistar, de uma vez por todas, quem ainda não acreditava no talento de Tobias e seus companheiros. Com participaçoes especias nesse disco (como Hansi Kürsch, do Blind Guardian), o grupo conseguiu, além de um relevante (mas ainda pequeno) sucesso, o respeito necessário para poderem se firmar. Esse disco fez surgir o que hoje se pode dizer que são alguns dos clássicos da banda, como a faixa-título "Vain Glory Opera", "How Many Miles" e "Out of Control".

Com todas a coisas correndo bem, Mr. Sammet pegou-se pela primeira vez planejando o que mais tarde se concretizaria na "opera-rock" mais bem sucedida desde "Jesus Christ Superstar". Em paralelo, Tobias decidiu dedicar-se (na banda) inteiramente à voz, e chamou um amigo, Tobias "Eggi" Exxel, para assumir o baixo em seu lugar. Depois de mais uma temporada de shows em lugares diversos da Europa, o Edguy lançou aquele que seria o disco "divisor de águas" em sua carreira. "Theater of Salvation" foi amplamente elogiado pelo público e pela crítica, tanto pela qualidade musical quanto pelo carisma que o grupo transmitia, com novos integrantes a nova postura musical, trazendo canções como "Babylon", "Wake Up the King" e a faixa título, "Theater of Salvation", considerada por muitos uma obra-prima do metal melódico. Comparações a grupos como Helloween e Queensrÿche não intimidaram os garotos que agora viam seus sonhos, tão desejados, tornando-se realidade. Nessa época, além do sucesso que vinham obtendo a cada dia, alguns fãs viviam pedindo para que a banda relançasse "The Savage Poetry", que havia se tornado um disco raro. Dito e feito: em 2000, o Edguy surpreendeu a todos relançando um disco duplo contendo o original de 1995, e uma nova versão regravada de "The Savage Poetry".

Já com uma certa fama conquistada, Tobias Sammet dedicou-se ao seu projeto paralelo, convidando diversas personalidades do mundo do metal e do rock, como Michael Kiske (Ex-Helloween), Kai Hansen (Gamma Ray), Timo Tolkki (Stratovarius), Markus Grosskopf (Helloween), André Matos (Shaaman), entre outros. "Avantasia: The Metal Opera Part I" foi lançado em 2001 e agradou tanto a fãs da banda como a diversos outros headbangers que nunca tinham ouvido falar dos garotos de Fulda. Sem querer, isso ajudou na divulgação do Edguy pelo mundo, pois todos queriam conhecer o "novo gênio" do estilo e sua banda.

No mesmo ano, "Mandrake" trouxe o Edguy para o novo milênio, com músicas mais maduras e bem trabalhadas, como "Tears of the Mandrake", "Golden Dawn", "Jerusalem", entre outras, trazendo o estilo musical mais próximo ao Heavy Metal tradicional, mas não se afastando do estilo "melódico" de ser. O disco rendeu ao Edguy um álbum ao vivo, entitulado "Burning Down the Opera", lançado em 2003. Antes disso, em 2002, a segunda parte de "Avantasia" havia sido lançada, fazendo com que mais e mais gente conhecesse o talento da banda.

Depois de brigas com a AFM, o Edguy assina contrato com um dos maiores selos do estilo, a Nuclear Blast, em 2004. Esse ano, para muitos, mudou a história do cenário mundial, pois havia sido lançado um dos melhores discos de metal de todos os tempos: "Hellfire Club" surpreendeu a todos, consagrando, definitivamente, o Edguy como a melhor banda da atualidade, misturando Melódico, Hard Rock e o bom e velho Heavy Metal, agradando a crítica e o público, trazendo verdadeiros hinos para os fãs, como "Mysteria", "The Piper Never Dies", "We Don't Need a Hero", "King of Fools", "Forever", a divertidíssima "Lavatory Love Machine", entre outras, e deliciando até aqueles que nunca tinham ouvido falar da banda. Nesse mesmo ano o Edguy apresentou-se aqui no Brasil, lotando o Espaço das Américas em São Paulo, tocando ao lado de bandas como Shaaman e a banda solo de Timo Kotipelto (Stratovarius). De longe, a melhor apresentação da banda para um público estrangeiro.

Já no topo de sua carreira, o grupo estava muito tranquilo quando lançou o single "Superheroes", em 2005, atiçando os fãs para o que viria no ano seguinte: "Rocket Ride", de 2006, não chegou a ser um choque, mas surpreendeu pela ousadia de uma verdadeira troca de estilo, intoduzindo quase que de vez o Hard Rock às raízes da banda, que evoluiu depois de dez anos de estrada, tanto musical como mentalmente, trazendo faixas como a própria "Rocket Ride", "Sacrifice", "The Asylum", "Return to the Tribe" e a deliciosa "Trinidad", entre outras.

Milhares de fãs depois, podemos dizer que o Edguy chegou para ficar. Tobias Sammet ocupou a cadeira de ícone do metal melódico por uns tempos, mas temos certeza que ele está bem além disso. Ele transformou sua banda de garagem num grupo que, em pouco mais de dez anos, conseguiu se tornar uma referência para milhares de outras bandas em todo o mundo. Vamos esperar para ver o que mais esses garotos de uma pequena cidade no interior da Alemanha têm a nos oferecer, se bem que, se eles resolvessem parar por aqui, apesar de deixarem-nos desolados, teriam cumprido sua missão e deixado sua marca no mundo, que tão cedo não esquecerá deles.