Avenida dos Sonhos, 1988

Escritos cômicos e cósmicos...

sábado, outubro 21, 2006

Harry Potter e a Juventude Transviada

Antes mesmo de começar a encher vocês, leitores, com elogios à minha série de ficção predileta (entre outras coisas), deixem-me avisá-los que não sou jornalista, tampouco escritor, muito menos colunista ou qualquer outra coisa do tipo. Sou apenas um mero estudante de ensino médio de um colégio particular da Zona Sul de São Paulo que almeja a vida de jornalista, escritor, colunista, etc. E, acima de tudo, sou um jovem. Um jovem de classe média que tem acesso a tudo aquilo que desejar e que estiver ao alcance. Digo-lhes isso apenas para lhes livrar da culpa de críticas maldosas a meu respeito ou ao meu jeito de escrever, ou ainda à minha opinião, talvez diferente de muitos que lerão (ou não) este artigo.

Toda cultura da sociedade deturpada por valores e conceitos amorais, mas ainda assim bela e romântica, foi (e ainda é) absorvida pelo meu cérebro que funciona 24 horas por dia, tentando entender o mundo e procurando achar uma solução para meus problemas pessoais. Sou um jovem que, como diz o ditado, “reclama de barriga cheia”, sempre exigindo mais do que aquilo que já tem (e isso não é pouca coisa) e chorando a cada vez que recebe um “não” daqueles que toleram todas as idiotices que o mesmo faz contra eles, os pais. Nada mais, nada menos a dizer, posso, ao menos, começar a escrever com a consciência limpa, pois lhes avisei que poderão se decepcionar (e muito) com o que vão ler daqui para frente.

E quanto ao título? Não, não é o próximo volume da série de livros mais vendida desde o pequeno sucesso chamado Bíblia. Acho que, como eu, muitos jovens abastados significativamente conhecem e gostam do universo de ficção criado pela autora J.K. Rowling. Também, como poderia ser diferente? Ela simplesmente juntou tudo o que um livro de sucesso pode ter, e depois de descoberta a fórmula, só restou-lhe comandar a grande epopéia com maestria, inteligência e senso crítico. E aqui escrevo a minha primeira previsão, de que, em dez anos ou menos, Harry Potter será mais popular entre os habitantes da Terra do que John Lennon e Darth Vader juntos! Loucura? Talvez... 5 entre 10 crianças dos Estados Unidos e Inglaterra lêem ou leram os livros de Harry Potter. Até as outras cinco crianças lerem é, ou uma questão de tempo, ou uma questão de cultura. “Absurdo!” dirão os que odeiam qualquer coisa relacionada ao eterno bruxinho (atualmente com 17 anos), mas, pensem comigo. Até mesmo os Beatles foram alvo de boicote e raiva por parte de muitas pessoas antiquadas e que não admitiam que mudanças drásticas de costume fossem postas em ação. “Rock’n’Roll é do Diabo!”, assim como J.K. Rowling supostamente fez um pacto com o tinhento para a concepção e as vendas de sua obra... Consegui convencê-los? Não? OK. Isso não é importante no momento.

Mesmo hoje, Harry Potter já está na mente daquela “minoria” de jovens que, futuramente, comandará o mundo e ditará as regras para todas as nações. Mas vamos ser mais específicos, vamos chegar mais perto da nossa realidade. Brasil. Em nosso país, não posso mentir, é REALMENTE uma minoria aqueles que têm acesso ao que os países de primeiro mundo estão folgadamente acostumados a ter. Lamento profundamente pela minha geração, pois tenho certeza de que a minoria, digamos, bem sucedida dessa massa não está muito preocupada em melhorar a vida da população pobre, mas sim no bem estar próprio, talvez até fora do país, ou num “universo paralelo” que dobra a esquina de uma favela. Mas essa mesma minoria irá, sem dúvida nenhuma, comandar o país, como tem acontecido desde sempre em nossa memória curta. E essa minoria lê Harry Potter, e as analogias que a obra pode proporcionar para a visão daqueles que nos liderarão podem tomar rumos inimagináveis, como um concerto de rock que praticamente põe na parede as nações desenvolvidas em prol da miséria que elas mesmas causaram...

O que quero dizer é que o simples fato de você ler um livro, escutar uma música ou fazer qualquer outra coisa em conjunto universal e consciente, pode criar a idéia de união que há tanto tentamos proporcionar à grande massa ignorante de seres humanos que ligam somente para que o fim de semana chegue sem nenhum problema. E Harry Potter não é apenas um livro. É um movimento, um dever cívico para quem quer se inteirar da cultura contemporânea, uma franquia extremamente rentável e cada vez mais popular, capaz de levar multidões ensandecidas para um teatro, cinema, shopping center ou qualquer outro lugar. E nessa hora, para terminar esse artigo, eu pergunto a você, leitor: Você já leu Harry Potter?